Uma operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (16) cumpriu 209 ordens judiciais — entre elas 68 prisões preventivas — contra integrantes de uma facção criminosa com atuação no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A ofensiva, coordenada pelo Denarc (Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico) em conjunto com policiais civis dos dois estados e com apoio da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, alcançou ao menos 53 prisões até o fim da manhã e incluiu buscas em 19 cidades.
A investigação, em curso há cerca de um ano, aponta que o grupo esteve envolvido em homicídios e em complexas esquemas de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico. Entre os alvos figura um líder preso no mês passado na Bolívia e atualmente recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). A apuração identificou transferência e ocultação de recursos por meio de pulverização de depósitos, uso de contas de terceiros — inclusive de idosos —, movimentações rápidas em lotéricas e aplicações financeiras estruturadas para dissimular a origem ilícita dos valores.
O Litoral Norte aparece na investigação como zona de interesse econômico do grupo, com menção expressa a Torres no desdobramento que deu nome à operação — batizada de Turrim Lavare. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 120 milhões relacionados aos alvos, o sequestro de seis imóveis e a indisponibilidade de 24 veículos. Em ações anteriores e nesta fase, as equipes também apreenderam armas, munições, drogas, celulares, cadernos com anotações financeiras e carros de alto padrão.
Os delegados responsáveis pelo caso documentaram táticas empregadas pela facção para ordenar crimes e ocultar recursos. Entre as provas juntadas às investigações estão interceptações e imagens que, segundo os investigadores, mostram o planejamento e a execução de homicídios, além de registros usados para comprovar lealdade e cumprimento de ordens entre os membros do grupo. A apuração também aponta recrutamento de executores para eliminações de rivais e utilização de equipamentos e disfarces para a prática dos crimes.
O alcance da operação atinge diretamente municípios do Litoral Norte em que foram cumpridos mandados ou onde ocorrências relacionadas foram identificadas, incluindo Tramandaí e Capão Novo (Capão da Canoa), além de diligências no próprio município de Torres. Investigações anteriores vinculam episódios de violência e casos concretos na região — entre eles, homicídios atribuídos a disputas pelo controle do tráfico em localidades como Mampituba.
As ações desta quinta também contemplaram cidades do Vale do Sinos e da Região Metropolitana, além de locais em Santa Catarina, como Florianópolis e Vargem Bonita. Autoridades informaram que este é um desdobramento de inquéritos iniciados em fases anteriores da operação, realizadas desde 2023, que já resultaram em apreensões relevantes e na prisão de outros integrantes da estrutura criminosa.
As buscas e prisões continuam ao longo do dia. A Polícia Civil informou que os materiais apreendidos e os presos serão encaminhados às delegacias responsáveis para os procedimentos legais, e que novas medidas cautelares e bloqueios patrimoniais podem ser solicitados à Justiça conforme as diligências avancem. A investigação mantém cooperação interestadual e federal, com foco em desarticular integralmente a estrutura financeira e operacional da organização criminosa.
