O Rio Grande do Sul registrou, em 2024, 150 ocorrências de produção ou distribuição de material de abuso sexual infantil pela internet, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O índice representa 6,3 casos a cada 100 mil habitantes e aponta leve aumento de 2% em relação ao ano anterior, quando houve 147 registros.
No Brasil, foram 3.158 casos no período, número considerado baixo frente às 52.999 denúncias recebidas pelo Canal Nacional e monitoradas pela ONG Safernet. Especialistas alertam para a subnotificação e ressaltam que o caráter virtual e desterritorializado desses crimes dificulta a apuração, já que vítimas e agressores podem estar a quilômetros de distância.
No Estado, a Polícia Civil atua por meio do Núcleo de Operações Cibernéticas, criado em abril, que realiza buscas ativas e monitoramento de redes sociais em parceria com o Instituto Geral de Perícias (IGP). As investigações têm início a partir de boletins de ocorrência, denúncias anônimas ou detecção de atividades suspeitas.
A Safernet registrou aumento de 114% nas denúncias em uma semana após a divulgação, no início de agosto, de um vídeo do influenciador Felca sobre a “adultização” de crianças e adolescentes nas redes sociais. A publicação ultrapassou 38 milhões de visualizações e estimulou debates, investigações e medidas legislativas.
A prevenção, segundo especialistas, depende da atuação conjunta de poder público e famílias, com campanhas de orientação, controle parental e diálogo constante entre pais e filhos. Também é fundamental preservar provas — como capturas de tela, links e nomes de usuários — para auxiliar na apuração. Entre os sinais de possível abuso online estão mudanças bruscas de comportamento, isolamento, uso excessivo de celular e interesse por conteúdos inapropriados.
Canais de denúncia incluem as delegacias da Polícia Civil, a Delegacia Online, o Disque 100, o Disque 181 e o WhatsApp (51) 98444-0606.