A força do ciclone extratropical que atinge o Rio Grande do Sul provocou, nesta segunda-feira (28), o desabamento de mais uma parte da estrutura da plataforma marítima da praia de Atlântida, em Xangri-lá, um dos principais pontos turísticos do Litoral Norte. Aproximadamente 25 metros da plataforma ruíram com a força das ondas e dos ventos, que ultrapassaram os 100 km/h em diversos municípios do Estado.
Inaugurada em 1975, a plataforma avança aproximadamente 280 metros sobre o mar. Desde 2023, no entanto, está interditada devido ao risco de colapso. À época, parte da estrutura já havia ruído em decorrência da ação da maré, e laudos técnicos apontaram fragilidade em vigas de sustentação, o que tornava a permanência no local insegura.
O espaço é administrado pela Associação dos Usuários da Plataforma Marítima da Atlântida (Asuplama), entidade responsável pela manutenção e gestão do equipamento. Nos últimos anos, a prefeitura de Xangri-Lá e a Asuplama mantiveram tratativas para viabilizar obras de recuperação, mas os reparos não chegaram a ser executados.
Antes da interdição, a plataforma recebia cerca de 30 mil visitantes por ano. O local era frequentado por pescadores e turistas, além de servir como ponto de observação de baleias em determinadas épocas.
Histórico de danos na estrutura
A plataforma de Atlântida já apresentava sinais de comprometimento estrutural desde pelo menos 2021. Em outubro de 2023, uma parte da estrutura desabou após mar agitado, motivando a interdição total do espaço. Laudos técnicos reforçaram a urgência de intervenções.
Ao longo das últimas décadas, o local foi atingido por diferentes eventos climáticos que agravaram os danos. Em 1997, parte da plataforma cedeu e não foi completamente restaurada. Em 2016 e 2019, ondas fortes também provocaram avarias. Mesmo com os desgastes acumulados, o espaço seguia como um tradicional ponto de pesca e turismo até sua interdição definitiva.
Prefeitura se manifesta
Após o desabamento de mais uma parte da plataforma marítima de Atlântida, ocorrido em meio à passagem de um ciclone extratropical pelo litoral gaúcho, a Prefeitura de Xangri-Lá divulgou uma nota oficial no final da tarde desta terça-feira (29). No comunicado, o Executivo esclarece a atual situação jurídica da estrutura e informa que um laudo técnico recente aponta a possibilidade de recuperação da plataforma. A seguir, a nota na íntegra.
Nota Oficial — Plataforma Marítima
A Prefeitura de Xangri-Lá informa à população que, em razão das fortes chuvas, ventos intensos e ressaca registrados no último dia 28 de julho de 2025, parte da estrutura da Plataforma de Pesca acabou desabando. A área atingida já havia sido identificada como comprometida em laudo técnico elaborado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contratado pelo Município para avaliar as condições de segurança da estrutura.
Importante esclarecer que a Plataforma de Pesca é um bem de natureza particular, construído em área inserida no mar territorial, de competência da União. A sua manutenção vinha sendo realizada pela Associação dos Usuários da Plataforma Marítima da Atlântida (Asuplama), e atualmente discute-se judicialmente a responsabilidade sobre a estrutura.
A questão está sendo tratada em Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público Federal em face da União, Asuplama e Município de Xangri-Lá, cujo principal pedido é a recuperação ou, alternativamente, a demolição integral da Plataforma.
No curso da ação, o Município contratou a UFRGS para elaboração de um laudo técnico detalhado. O laudo foi recentemente concluído e aponta que, embora grande parte da estrutura esteja comprometida, há viabilidade técnica para um retrofit — processo de recuperação e modernização. O parecer encontra-se em análise pela Administração Municipal.
A Prefeitura reafirma seu compromisso com a segurança da população, a legalidade e a transparência, e manterá a comunidade informada sobre os próximos desdobramentos.
