A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou nesta quinta-feira (3) uma megaoperação contra um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas. A ofensiva, batizada de Operação Costa Nostra, tem como foco o patrimônio de uma facção criminosa com base na zona sul de Porto Alegre, que estaria utilizando imóveis de luxo no Litoral para ocultar recursos obtidos de forma ilícita.
Ao todo, foram cumpridas 143 ordens judiciais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A investigação, coordenada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apurou que a organização criminosa passou os últimos três anos investindo em bens de alto valor com o objetivo de legalizar recursos do tráfico.
No litoral catarinense, um dos principais alvos foi uma pousada de luxo localizada à beira-mar em Porto Belo. O imóvel, adquirido por cerca de R$5 milhões em 2023, está passando por reformas e seria utilizado para turismo de alto padrão, com oferta de locação de lanchas e jet-skis. Além da pousada, foram identificados outros bens ligados ao grupo, como uma casa avaliada em R$3 milhões e uma empresa registrada na região.
O esquema também incluía investimentos no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Cidades como Tramandaí e Capão da Canoa aparecem entre os locais onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão. De acordo com a Polícia Civil, a facção vinha utilizando essas localidades para camuflar atividades criminosas por meio da compra de imóveis e veículos de luxo.
A operação tem como principal objetivo descapitalizar financeiramente o grupo criminoso. Até o momento, foram sequestrados cinco imóveis, veículos, lanchas, jet-skis, contas bancárias e dados fiscais. O valor do patrimônio bloqueado ultrapassa R$12 milhões. Em Porto Alegre, uma das propriedades investigadas está avaliada em R$1,2 milhão.
Na residência de um dos líderes da facção, foram encontrados itens de alto valor, como joias, artigos de grife, piscina térmica e móveis de luxo. Segundo a Polícia Civil, os investigados não possuem fontes de renda lícita compatíveis com o crescimento patrimonial identificado ao longo das investigações.
A apuração teve início após uma tentativa de homicídio registrada há dois anos, que levou ao monitoramento das lideranças do grupo. A partir deste episódio, foram reunidos indícios sobre a estratégia de lavagem de dinheiro utilizada pela facção, que tem histórico de envolvimento com o tráfico de drogas.
Com a Operação Costa Nostra, a Polícia Civil adota uma linha de ação voltada para o enfraquecimento financeiro do crime organizado, com base na estratégia da “dissuasão focada”. O modelo busca interromper a cadeia de homicídios cometidos por grupos criminosos por meio do bloqueio de recursos que sustentam a violência.