O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou nesta quarta-feira (4) as tarifas sobre as importações de aço e alumínio para 50%, em mais um movimento que amplia a escalada da guerra comercial deflagrada desde o seu retorno à presidência em janeiro deste ano.
A medida representa um aumento significativo em relação aos 25% aplicados anteriormente e, segundo o governo norte-americano, tem como objetivo reforçar a segurança nacional e garantir a viabilidade das indústrias locais de aço e alumínio a longo prazo. O decreto presidencial que formaliza a decisão entrou em vigor às 00h01 do horário local (01h01 de Brasília).
De acordo com a justificativa oficial, as tarifas impostas anteriormente ajudaram a estabilizar os preços no mercado interno, mas ainda são insuficientes para assegurar o nível de produção necessário para a sustentabilidade do setor. Em 2024, os Estados Unidos importaram quase metade do aço e alumínio utilizados no país, com o Canadá, Brasil e México entre os principais fornecedores. A Argentina aparece como o sexto maior exportador de alumínio para o mercado norte-americano.
O governo do México reagiu prontamente e anunciou que solicitará isenção da nova tarifa. A medida foi classificada pelas autoridades mexicanas como injusta e insustentável. Por outro lado, o Reino Unido permanece isento da nova alíquota, mantendo a tarifa anterior de 25%, enquanto continuam as negociações bilaterais para um acordo comercial definitivo.
As tarifas sobre aço e alumínio integram um pacote mais amplo de ações comerciais adotadas por Trump, que também mira setores como o automotivo, farmacêutico e de semicondutores. Algumas dessas medidas, no entanto, foram temporariamente bloqueadas por decisões judiciais, o que não se aplica às tarifas setoriais, que seguem em vigor.
O anúncio ocorre em meio a uma série de encontros diplomáticos voltados ao comércio internacional. Nesta quarta-feira, representantes comerciais dos Estados Unidos e da União Europeia se reúnem em Paris, durante evento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A administração Trump acusa o bloco europeu de não negociar de boa-fé e ameaça aplicar novas sobretaxas tarifárias, também de 50%, aos produtos do continente.
A decisão norte-americana também antecede uma reunião do G7, prevista para acontecer de 15 a 17 de junho no Canadá, e eleva a expectativa de novos desdobramentos na política comercial global. A OCDE já revisou para baixo sua projeção de crescimento econômico mundial, que passou de 3,1% para 2,9%, refletindo o impacto da instabilidade comercial provocada pelas recentes medidas dos Estados Unidos.
Além da União Europeia, a China também é alvo das tensões. Trump acusou Pequim de descumprir os termos do acordo assinado em maio, em Genebra, e ameaçou endurecer ainda mais as políticas comerciais, aumentando a incerteza em um cenário já pressionado por disputas tarifárias.
