O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (4) a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A medida foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) após a parlamentar anunciar, em entrevistas, que deixou o Brasil e se encontra no exterior para tratamento médico.
Além da ordem de prisão, a PGR também pediu o cancelamento dos passaportes da deputada e sua inclusão na lista de difusão vermelha da Interpol, o que pode levar à sua detenção em outros países.
Zambelli é ré em dois processos no STF. Em um deles, já foi condenada em maio a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), decisão que também prevê a perda de seu mandato parlamentar. No outro, ela responde por portar arma de fogo ilegalmente e perseguir um homem nas ruas de São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Na última terça-feira, a deputada afirmou que está na Europa e que pretende pedir licença não remunerada de seu mandato na Câmara dos Deputados. Com isso, o suplente Coronel Tadeu (PL-SP) pode assumir a vaga temporariamente.
Carla Zambelli declarou ainda que possui cidadania italiana e que, por esse motivo, não poderia ser extraditada da Itália. Segundo ela, o motivo oficial da viagem seria uma condição de saúde — a síndrome de Ehlers-Danlos, doença hereditária rara que afeta o tecido conjuntivo —, mas também afirmou que pretende atuar politicamente na Europa, com foco no fortalecimento da direita e na denúncia do STF em foros internacionais.
Antes de deixar o país, a deputada emancipou o filho de 17 anos, com o objetivo de viabilizar uma eventual candidatura dele nas eleições de 2026, e transferiu o controle de suas redes sociais para a mãe, Rita Zambelli.
Diante do novo contexto, o advogado Daniel Bialski, que até então integrava a defesa da parlamentar, deixou o caso. Em nota, afirmou que a saída ocorreu por “motivo de foro íntimo”, após ser informado pela própria cliente de sua viagem ao exterior.